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Omeprazol Sem Tarja: Por que a Venda Livre Não Significa Uso Livre

Publicado em 11 de Novembro de 2025

A recente reclassificação do Omeprazol como MIP (Medicamento Isento de Prescrição) levanta uma discussão que vai muito além da farmácia: o uso indiscriminado e crônico deste fármaco.

É crucial entender que nem toda azia sinaliza "excesso de acidez". Frequentemente, a raiz do problema é outra: dispepsia funcional, refluxo mecânico, hipersensibilidade do esôfago ou, mais grave, sintomas de doenças sérias sendo mascarados.

Caixa de Omeprazol MIP

Os Riscos do Uso Prolongado

O uso prolongado de IBPs (Inibidores da Bomba de Prótons) compromete funções vitais do ácido cloridrico (HCl). A supressão ácida contínua interfere na ativação da pepsina (digestão), reduz a liberação de vitamina B12 dos alimentos e diminui a absorção de minerais essenciais como ferro, cálcio e magnésio. Além disso, altera a microbiota intestinal, aumentando o risco de infecções.

Farmacologicamente, o Omeprazol desliga irreversivelmente a bomba de prótons (H⁺/K⁺-ATPase). Por isso, seus efeitos perduram mesmo após a interrupção, podendo levar à hipocloridria (baixa acidez) persistente e deficiências nutricionais sérias.

Venda Livre não é Uso Livre

A liberação da Anvisa para uso em ciclos curtos (até 14 dias, na dose de 20mg) para azia frequente é uma medida lógica. O ilógico é o uso contínuo por anos como "prevenção", sem um diagnóstico claro.

A automedicação com Omeprazol pode silenciar "sintomas de alarme" vitais, que deveriam levar o paciente ao médico, como infecções por H. pylori, úlceras ou até mesmo as fases iniciais de um câncer gástrico.

O ponto central é: ser isento de prescrição não é sinônimo de ser isento de riscos. O papel do profissional de saúde é, mais do que nunca, garantir que o Omeprazol seja um aliado no tratamento, e não uma muleta permanente para um problema não investigado.

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